O estranho momento em que precisamos militar contra os militantes…

Quando a repressão vem de quem mais deveria entender o valor da liberdade…

Uma mulher grávida entra pela porta de um Pronto-Socorro após o rompimento da bolsa amniótica, e exige que o procedimento de parto-Cesária seja realizado.

O médico, no entanto, contra-argumenta que a Cesariana desumaniza o nascimento, de acordo com o último Congresso da obstetrícia internacional e decide seguir com o Parto normal.

Se esta cena ocorresse e, baseado somente na informação dada (ignoremos possíveis questões de risco à vida, e etc.), todos nós (eu, incluso) diríamos que houve violência obstétrica.

Então, por que não vemos violência em proibir que alguém com orientação sexual diversa do comum (“comum” que não: Não é sinônimo de “certo”…), peça ajuda profissional para que seja feito o caminho B, ao invés do A?

É difícil não avaliar – com pesar, acrescento –  que se você não está nadando em favor da corrente de uma dada militância, você só pode estar contra ela.
Esse tipo de falsa dualidade levou a tanto confronto e momentos deploráveis da história humana; e não vejo porque será diferente dessa vez, se continuarmos assim.

Militâncias que, tantas e tantas vezes, falam sobre “amar mais”, “compreender mais”, “aceitar mais”… Mas não admitem que alguém seja gay e não milite verborragicamente por onde passa; ou seja gay, mas, não queira sê-lo.

Não é diferente da militância que não admite uma mulher que quer ser dona de casa e cuidar dos filhos, ou da militância que não admite que um negro case-se com uma branca, ou que uma “não-negra” (seja lá o que isso quer dizer) use uma peça de moda com inspiração afro-cultural.
Não quero causar o terror mas, o pesquisador da penicilina (Alexander Fleming) era branco… Acho que vai ser ruim se trilharmos esse caminho em mão dupla…
O Smartphone na sua mão é resultado, muito provavelmente, de uma centena ou um milhar de patentes de origem majoritariamente asiática (indianos, japoneses e etc.)… Já pensou se eles decidem que não posso “me apropriar” (mesmo pagando por isso) do que eles criaram? (editado em 2021: Entendo que a questão da apropriação cultural é maior do que esse utilitarismo, mas essa discussão é comumente utilizada da mesma forma falaciosa que as hipóteses acima).

E seriam só suposições e hipóteses, não fossem todas essas narrativas corroboradas pelo árido deserto da realidade.
Todos os episódios que descrevi aconteceram publicamente e, não é difícil achar essas notícias tristes de como movimentos com causas absolutamente legítimas como os direitos LGBT+, da Mulher, dos Negros e enfim, representantes de todos que não estão no controle do poder político, sócio-econômico, financeiro e etc., repetem-se, em suas vertentes mais radicais (gosto de supor assim), tão infelizes e repugnantes quanto aqueles que eles dizem enfrentar (os homofóbicos, machistas, racistas e etc.).

Eu já falei sobre o conceito de “Efeito-mola”, explorado na Sociologia com nomes mais pomposos mas, basicamente, é a ideia de que a opressão de uma parcela da sociedade causa efeitos semelhantes aos descritos pela Física quanto à pressurização de uma mola e suas decorrências, e leva a efeitos colaterais maiores do que a medida ideal quando “a mola é liberada”.
O mesmo efeito-mola vale para a outra parcela da sociedade que apreciava seu status-quo e se sente ameaçada – sob qualquer aspecto – diante de conquistas de grupos que passam a exigir que estes grupos privilegiados convivam de maneira mais igualitária, ou cedendo espaços de maneira mediada pelo Estado (políticas afirmativas, etc.), para o primeiro grupo.

Enfim, o que resta é o choque de N* grupos que, por sentirem-se reprimidos pelos mais variados motivos e méritos, muitas vezes vão além do que um individuo sóbrio e  isolado de uma comunidade que catalise suas opiniões, consideraria “razoável”.

Não há dúvidas – ao olhar para a História – que “o razoável”, algumas vezes, pode significar até mesmo ir às armas e lutar até a morte.
Pergunte aos judeus, vitimados pelo Nazismo, se eles teriam entrando de bom grado nos trens que conduziam ao extermínio se soubessem disto antes (no começo da agressão). Teria sido “razoável” matar os soldados alemães com todos os meios – inclusive os bestiais – nessa situação…

Mas, em tempos de Paz entre os Estados (e sociedades), a reação dos grupos LGBT e coligados, e a mobilização das celebridades contra a medida do Juiz Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, só demonstra para mim que não há razoabilidade, nem no grupo dos Cristãos que acham que a orientação sexual diversa do comum é coisa de Satã, nem nos grupos LGBT+ que acham que um Gay é, por alguma lógica estranha a meu entendimento, obrigado a amar sua condição de maneira incondicional e incontestável.

Comparo essa incoerência à tentativa de ressuscitar o suicida para, depois, executá-lo por “homicídio de si mesmo”.

A cena seria tragicômica no encontro do cidadão que deseja a liberdade de tratamento com os representantes do movimento:
– VOCÊ TEM QUE SER FELIZ SENDO GAY, SEU FILHO DA P#@%&! (Enquanto espancam o sujeito para que ele “aceite” sua condição e seja “feliz”).

O episódio me dá pesar, ainda mais porque de todas as Ciências ligadas à saúde humana a Psicologia é mais humana de todas elas. Como também, a mais nova, e a que mais precisa pesquisar, crescer e descobrir mitos e verdades sobre o que se sabe da “cabeça” humana, até aqui. É assim com toda Ciência ainda na “infância”.
É o cerne da Psicologia, independentemente de vertentes e interpretações, tentar compreender sem emitir julgamento, cada ser humano, de maneira muito individual, mesmo quando o individuo é interpretado em um contexto e prisma determinado por um dado momento ou espaço social/histórico/cultural.

Em resumo, é quase que “do contrato social” da Psicologia com a humanidade, individualizar o “paciente” (eles não gostam desse termo) e compreender que por mais que ele possa ter um quadro parecido com o individuo anterior, ele é algo totalmente novo e único.

Resumindo: A psicologia deveria ser a primeira a dizer que, por mais não-natural que seja, o Gay tem total direito de não querer sê-lo, e as ferramentas disponíveis para mostrar a ele o que ele é e não é, serão usadas para que ele atinja a coisa que mais pode trazer paz a um individuo: Auto-conhecimento.

Talvez, por circunstâncias-mil, seja simplesmente impossível que ele deixe de sê-lo. Mas, não se começa um acompanhamento psicológico só se o resultado final for o que o cliente desejava.
Até porque, o resultado final desse acompanhamento é sempre imprevisível, devido aos N desdobramentos que cada consulta causa. A verdadeira missão da Psicologia é fazer o individuo se entender, compreender os processos que o transformaram e o edificaram enquanto entidade e personalidade, a fim de que ele, eventualmente, fique em paz com o que é e com o que deixa de ser.

A principal contra-argumentação ao que exponho até aqui é que esse indivíduo só odeia sua orientação porque é reprimido, sofre/sofreu preconceitos, nasceu e cresceu em um lar opressor à sua orientação e etc.
Enquanto tudo isso pode ser absolutamente verdadeiro; novamente, somos nós, Sociedade (ou parcela da Sociedade), proibindo que o individuo, sem fazer mal a qualquer outra pessoa, procure o resultado que desejava atingir. Tudo para que nós – e não ele – nos sintamos satisfeitos (e fiquemos sossegados de que nenhum gay tentou deixar de sê-lo).

Por que é tão difícil ter o mesmo respeito que temos:
Pela grávida que não quer passar pelo trauma do parto natural, ou o paciente terminal que quer manter algum resquício da dignidade e auto-tutelar o fim da vida diante da inevitabilidade do fim doloroso e degradante?

São questões muito, muito sensíveis e multi-facetadas. Cada novo ponto que tento trazer para provar que temos pesos e medidas diferentes, daria uma discussão inteiramente nova que poderia ser desdobrada em várias e várias outras, se estendendo quase que sem fim…

Para o (a) anônimo (a) que pretende se beneficiar do que eu considero um avanço democrático salutar no que diz ao respeito à liberdade de cada individuo, meu entendimento, da maneira mais simples e mais direta possível é que: Se você não está fazendo mal para ninguém a não ser – no máximo – pra si, e se o risco de suas decisões afeta só e somente você; você tem meu total apoio em todo caminho que decidir trilhar.

Do beijaço Gay na avenida mais badalada, a pedir ajuda profissional para tentar sentir tesão por peitos e bundas (se você for um homem homoafetivo, claro… Se fosse hetero, já sentiria.).

Sinceramente, meu caro anônimo Gay que não quer sê-lo: Acho que vai ser difícil você conseguir o que quer, porque, minha crença (e, portanto, é só uma hipótese) pessoal é de que como olhos verdes ou cabelos ruivos, sua atração por pessoas do mesmo sexo esta enraizada em seu DNA.
E, até onde sei, depois de Hitler, não há ninguém sério e com competência suficiente tentando combater as anormalidades (repito para os radicais: “anormal” é simplesmente o que não é “normal” (relativo a norma). E isso não é sinônimo de “certo” ou “errado”) de cor nos olhos e cabelos; então, não vejo como alguém conseguiria “consertar” seu gosto.
Pouco importa: No fim, o que realmente importa é você saber que tentou tudo que era possível e torço para que atinja a paz interior em algum momento dessa jornada, independentemente dos resultados.

Meu pai não me ensinou a gostar de mulheres. Nem era um assunto  que discutíamos, de tão reservado que ele era quanto a isso.
Quando os hormônios da sexualidade circularam pela primeira vez em mim, eu tive certeza que nada superava o prazer de estar com aquela deliciosa forma feminina, em toda sua beleza de curvas e volumes.
Claro: Por educação familiar de valores e postura, e senso de convívio social, os hormônios nunca foram suficientes para que eu “avançasse” nelas como um animal selvagem o faria.
Mas nunca houve dúvidas em mim do que mexia com meu lado animal e que todo ser humano tenta disfarçar e renegar, com mesuras e convenções de convívio. Talvez, um dia, provemos que é a mentira sufocante e omnipresente de que somos absolutamente diferentes dos animais, a causa maior de tantos distúrbios psicossociais e comportamentos inaceitáveis em nossa espécie…

E acredito, caro(a) anônimo(a), que este processo de descobrir o que lhe dava tesão na puberdade não foi diferente contigo mas, você sentiu tudo o que descrevi quando viu alguém do mesmo sexo que você (com os novos olhos da puberdade).
Não é o normal, mas está 100% longe de ser chamado de “errado”. É só e, somente só, diferente.
E “diferente” nunca será sinônimo de “ruim”, pra gente de boa fé.
Se você não está em paz e não quer ser diferente, eu lhe dou meu total apoio para que busque alternativas para ser “só mais um hetero”.
Independentemente das chances estarem contra ou a favor do intento, só lhe desejo que encontre sua paz.
A paz de quem fez tudo o que podia ter feito.

Por fim, eu pergunto: Qual é o limite da intervenção do Estado, e da Sociedade (ou grupos dela), sobre o indivíduo? Quanto da minha liberdade natural (ou original) eu tive de abrir mão para viver em sociedade? O Contrato Social que assinamos de forma tácita, pode exigir de mim minha completa e incondicional aceitação do que eu sou ou pareço?

Mais importante: No fim do dia, vale a pena viver no meio de vós se eu não tiver o último e derradeiro direito sobre eu mesmo e toda a extensão e representação do que compõe o “eu”?

Eu não sei. De verdade. Algumas vezes, parece que vale. Outras, parece que nada poderia ser melhor do que morar na caverna mais distante e mais solitária; só para não ter que assistir uns decidindo sobre como outros devem ou não devem ser, e do que o outro tem de ser para ser feliz.

Sei, contudo, de uma coisa:
Eu, não-militante e não-ativista, nem libertário, nem conservador, nem reacionário, estou muito mais confortável com os Gays que querem ser Gays e os que não querem; com as meninas brancas com lenços afro, e com os atores que não querem “sair do armário”, ou saem sem alarde e sem bandeira.
Estou muito tranquilo com a mulher que quer ser CEO da maior empresa, e com a que sonha com a chance de cuidar dos filhos e cozinhar a janta para o marido até o fim da vida.

Estou muito mais confortável do que a massa mais ativa de qualquer movimento que diz representar os Gays, os Negros, as Mulheres…

Reconheço meus preconceitos, sem dificuldades, e entendo o quão longe de estar em paz com todos eu ainda estou. E esses preconceitos, às vezes, morrem e provam o quão ignorante e pouco evoluído eu ainda sou.
Outras vezes, de “pré-conceitos”, evoluem para conceitos formados e embasados sem que eu tenha motivo para abrir mão deles.
É assim com este assunto.
Aliás, assunto que precisa ser mais discutido. Preconceito não é crime, nem deveria ser. Um “pré-conceito” é simplesmente um conceito que você forma antes de realmente conhecer algo.
E ele pode estar certo, ou errado. A verdadeira questão é o que você faz para validar seu preconceito no mundo real, e como se comporta quando descobre que ele não é verdadeiro.

Ainda assim, eu  sinto que consigo respeitar mais e tolerar mais todas essas pessoas e todas as possibilidades que cada um deles pode decidir ser e parecer, muito mais que os militantes mais extremos dos movimentos que saem “em sua defesa”.
Gente que não consegue superar a cegueira e a paixão “à Causa” (“paixão” que, aliás, vem do grego “Pathos”, a mesma raiz para “patologia”, “excesso” ou “doença”).

Cegueira em nada diferente dos preconceituosos e conservadores que acham que seu jeito é o único jeito certo. Que seu deus é o único verdadeiro e, sua mensagem, a única correta.
A fronteira da extrema-esquerda é, de fato, a extrema-direita.
Estado Islâmico e Pastores que chutam imagens.
Racistas e Ativistas que agridem uma pessoa de cor distinta e que se dispôs voluntariamente a honrar e ostentar a cultura de outro povo em seu corpo.
São todos iguais.

Já era muito trabalhoso lutar contras as mentes pequenas, atrasadas, que pregam conservadorismo extremo, e valores pessoais e religiosos como sendo universais. Mas, tudo valia para que ninguém fosse perseguido ou oprimido por pensar, agir ou ser apenas diferente de mim ou do que eu penso.
E agora, isto…

Estranhos e cansativos os tempos a frente, em que teremos que militar contra as militâncias.

Amor não é Doença. É a Cura.Pelo menos, a mensagem não deixa de ser verdadeira, não obstante tudo isto…

TEDx São Paulo – Educação!

Hoje, in loco, no Allianz Parque, onde ocorre TEDx São Paulo, e o tema é a Educação

O assunto mais importante e mais carente do Brasil, sendo debatido ao longo do dia, por especialistas da área e gente que se dedica ao que, verdadeiramente, muda o mundo: Mudar o mundo pelo conhecimento. Ensinar é o mesmo que Ensignar, ou seja, marcar com signos, quem se ensina. Quando ensinamos alguém, marcamos e somos marcados.

Pra quem não pôde vir  ou não sabia, dá pra assistir tudo ao vivo, pelo facebook.com/TEDxSP. 
Aproveitem!!!

O dia em que “saí” do Facebook

Os motivos que me tiraram do Facebook, e me levaram a fazer o “Sobre Tudo e Todos”…

3 décadas, 30 anos, 10.950 dias, 262.860 horas… O último grande texto (o maior); E os próximos passos…

Para dar um pouco de contexto a quem não me conheceu pelo Facebook: Em 31 de maio de 2016, anunciei aos amigos e seguidores que deixaria de utilizar a rede social. Os motivos estão todos neste post (que é, também, o motivo inicial para eu ter criado este Blog).

Mini-game! Um universitário mediano dos EUA leria esse texto em 8 minutos. Marque quantos minutos você leva e descubra se seu hábito de ler está enferrujado ou não.

Aviso: Esse é um texto reflexivo, trata de como me sinto sobre alguns aspectos da convivência com a sociedade digital contemporânea e, sinceramente, eu entendo que ele pode não ser do interesse da maioria da minha rede de contatos.
Sinto por isso e por poluir a rede social com mais essa “potencial” inutilidade, mas, também, é uma espécie de despedida que merece alguma explicação, ainda mais, em consideração aos 36 leitores (no Facebook) regulares que tenho, e por quem sou profundamente grato por me honrarem com a atenção.

“Pobre Rei Lear; tornou-se velho antes de torna-se sábio…”, diz o bobo da corte ao rei traído e renegado por todos.
É o resumo do ato I, cena IV, da peça “King Lear” de Shakespeare.

Desde que fui apresentado à essa peça, pelo excelentíssimo Professor Leandro Karnal, percebi como esse pensamento passou a perseguir minha paz: O risco de estar ficando velho sem me tornar sábio parece-me o maior risco que corro neste momento.
E isso me entristece e tem impacto sobre minha ansiedade com alguns tópicos. Não que o medo de morrer para uma “bala encontrada” por minha cabeça ou em uma colisão veicular com um embriagado ao volante não seja bem mais factível e sensato de se ter, no país em que vivo (a violência com armas de fogo fez mais de 61 mil mortos, e colisões automotivas mataram mais de 37 mil pessoas, em 2016)…

A escolha pelo estudo e, em especial, o gosto pelas áreas de Política, Sociologia, e Direito, sempre foi – eu acho – uma escolha ligada às chances: Os livros sempre estiveram ao alcance de quem estivesse disposto a lê-los e a verdade é que a maioria do meu povo não está. Em 2014, 71% dos brasileiros não leram um único livro, e somente um em cada três formados no nível médio de ensino têm alfabetização suficiente para ler [entender] um livro qualquer. E eu senti nisso a oportunidade de não ser mais um na multidão, já que eu tenho o que boa maioria não tem (a vontade de ler e aprender).
Esse era meu plano para saltar da mediocridade para um lugar de destaque. “Vaidade” é um termo que explica parte deste comportamento, mas, por outro lado, peço que me aponte o ser humano minimamente são que faz questão de ser idêntico aos outros 7 bilhões de sua espécie, ao ponto de escolher não fazer falta na face da Terra.

Bem, como isso tudo me leva ao desconforto, tal qual sentiu o Rei ao ser confrontado pelo bobo de “King Lear”?
Eu acho que venho emburrecendo. E eu tenho certeza – pela data de nascimento que consta no meu RG – que “novo” não é mais o preciso sinônimo para minha situação…
Então, eu começo, lentamente, a caber na sentença “tornou-se velho, antes de tornar-se sábio”.

A sabedoria é um dos principais atributos de beleza de um candidato a ancião. Não há nada mais chato do que falar com uma pessoa idosa que não tem nenhuma sabedoria. E não, não acho que só os livros e diplomas atendem ao requisito anterior. Na verdade, eles só provam que você abordou – ou tentou – algo de maneira sistemática e científica.
Aqui, falo da sabedoria de maneira holística: A sabedoria empírica, a pragmática, a experimental, a teorética…

Sabedoria: Acúmulo de conhecimentos; ciência. Justo conhecimento das verdades.

Ser um velho inepto é tudo o que eu mais temo. E não se engane: Assim como os canalhas, os burros também envelhecem… Velhice nunca foi sinônimo, nem de bondade, nem de sabedoria.


O que você ganhou participando da minha neurose eu realmente não sei, mas, já que você chegou até esse ponto, vou descer um pouco mais nessa psicose e tentar chamar sua atenção para alguns movimentos e fatos que podem lhe interessar; vai ser minha contraparte por sua paciência.

Bem, eu acho, também, que estamos TODOS ficando mais burros (desculpem-me: É só o que acho) e, acho, adicionalmente e não sem alguma análise, que a culpa disso está, em parte, nas redes sociais como o Facebook e nos modelos de vivência e convivência que tais redes ensejam, quando não, impõem.
Motivo pelo qual pretendo, a partir da próxima semana, abandonar o uso dessa rede (o Facebook).
Vou me explicar, prometo. Não está havendo um “facebookcídio”; o objetivo final não é obter um tapinha nas costas, nem um pitoresco “fica, brother” coletivo. Seria engraçado, confesso, mas não é isso. Vou me explicar; aguente aí.

Quero compartilhar como conclui que não só o Facebook não me ajuda a me tornar mais sábio (nada de novo) como, também, ele tem colaborado para que eu fique mais burro (um risco que, talvez, você não tenha percebido, ainda).

Mas, primeiro, alguém arrisca qual é a missão do Facebook como empresa? Eu compartilho:

“Fundado em 2004, a missão do Facebook é dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e conectado. As pessoas usam o Facebook para ficar conectadas com amigos e familiares, para descobrir o que está acontecendo no mundo, e para compartilhar e expressar o que importa para elas. ”.

Oras! Tem algo MUITO errado com a execução dessa missão, seu Mark! (Obviamente, a culpa não é mais dele do que é de quem utiliza e constrói as regras deste espaço social [se estiver em dúvida: nós]).

O primeiro artigo que convido à leitura, é este aqui: Facebook Manipulated User News Feeds To Create Emotional Responses
Para quem não tiver a paciência, ou mesmo para os que não gostam da língua inglesa, a matéria denuncia que o Facebook controla – ou já controlou – sem contar a ninguém, o seu feed de novos posts para obter resultados psicológicos, emocionais, de você (na verdade, dos estados-unidenses mas, se fizeram com eles sem avisar… Penso no que fazem conosco…).
O estudo conduzido por “cientistas” (faltou alguma ética para ser mais “científico”, né…) da empresa verificava como as pessoas reagiam ao serem expostas a posts e reações com maior tendência negativa ou positiva, em relação a elas e suas opiniões iniciais. Burrhus Skinner e seus ratinhos morreriam de inveja.

Pior do que isso: Outra matéria que li em revista impressa demonstrou que o Facebook “aprende” o tipo de post e fonte de conteúdo que lhe interessa e, a partir disso, passa a lhe expor somente ao que você mais gosta, criando uma “falsa bolha”, tanto de “felicidade” como de “pertencimento”, onde você, meu nobre leitor, é o experimento.
Trocando em miúdos, se você só curte páginas “de Esquerda”, chances são que o Facebook exponha mais conteúdo relacionado a isto do que “à Direita” política (e vice-versa), fazendo com que você “seja feliz” pois “o mundo concorda com você”. É o que seu feed lhe indica, não?

Outro estudo (Social Media Sparked, Accelerated Egypt’s Revolutionary Fire) relata como o Facebook e Twitter foram fundamentais na primavera Árabe. Quebrar as correntes de ditadores, eu acho ótimo. Parece-me um uso nobre do espaço de convívio social virtual. Mas, outra matéria revela que o Pentágono norte-americano tem gastado alguns milhares de dólares para manipular redes sociais com “bots” e perfis falsos para conseguir apoio popular às metas das forças armadas daquele país (Revealed: US spy operation that manipulates social media).
Em resumo, com a manipulação “certa”, o Facebook pode ser usado para construir e destruir conceitos, pessoas, e governos.

Como qualquer Jornalista poderá explicar e demonstrar a consequência: A neutralidade da rede é zero. Como – não posso negar – também costuma tender a zero para qualquer veículo de comunicação, impresso, radio-difuso ou televisivo; é verdade.

O problema, para mim, está na legitimidade: Por motivos que, talvez, um sociólogo possa teorizar, as redes sociais ganharam status de verdade incontestável. Talvez por sua pluralidade, talvez, por não ser um veículo com uma fonte de mão única de transmissão; as pessoas têm uma tendência a tomar como fato, com muita facilidade, o que as redes sociais ecoam.
E como a Wikipedia (com a qual contribuo inclusive com doações financeiras, por acreditar no valor da utopia do “conhecimento para todos, de graça”), as redes sociais podem ser fascinantes na transmissão de informação legitima, ou uma fossa sanitária de idéias enviesadas e ideologias mascaradas. Falando de Brasil (eu vivo aqui, e é dessa parte do mundo que eu “não-sei” menos), a segunda hipótese tem sido bem mais verdadeira do que o primeira, para meu total pesar.


Quando ingressei no Facebook em 2009~2010, a maioria dos meus amigos e colegas permanecia no Orkut. Ingressei por questões profissionais (todos os colegas de companhia estavam lá, afinal, o Orkut era do Google 🙂 ).
Na época – outra vantagem de ter 30 anos: Poder usar expressões como “na minha época” – o Facebook era majoritariamente feito por recursos de texto. Imagens, só no álbum pessoal e nada no mural (não sei se a função não existia ou se as pessoas não tinham o hábito).

Quando eu vejo as pessoas “de saco cheio dos textões” acho até engraçado porque, originalmente, era disso que o Facebook se tratava: Textos. Pessoas troncando idéias sobre tudo e todos. Qual bom livro não é um “textão”? Embora, um textão não seja – por si só – garantia de qualidade, a boa ideia, respeitosa e bem-intencionada, deve ser bem explicada e enseja o cuidado que leva – ok, “quase sempre” se faz necessário aqui – ao longo texto. Não: Não estou supondo – nem me ocorreu isso – que um texto longo é necessariamente bom. Só disse que todo bom texto costuma ser longo.

Claro que acho graça nos gif’s animados; claro que gosto dos vídeos engraçados e absurdos. Vivo compartilhando eles todos. Não é que o Face seria melhor se “elitizado” fosse… Não precisa ser o “cafofo de Homero” onde, todo dia, discorremos uma Ilíada.

Mas eu realmente acho que o Facebook foi para a “outra ponta da corda” entre o enfadonho (ou pomposo) e o fútil. E eu odeio futilidade como tônica da existência; pelo menos, da minha.

Usar uma rede social para socializar (procurem no dicionário: “Socializar” não se resume a fazer pose em fotos, nem ficar de porre em festas… Vão se surpreender…), é a última coisa que as pessoas querem e isso remove de mim o propósito de “socializar” por aqui.
A socialização só é bem-vinda se for rasa, oca, simulada. E, desculpem os amigos que gostam disto, mas, eu odeio conversas rasas como parte integral do meu dia a dia.

O filósofo Orterga y Gasset, em seu livro “A rebelião das Massas”, adverte, em 1929:

“Por toda a parte surgiu o homem-massa(…), um tipo de homem feito à pressa, montado apenas sobre umas quantas abstrações e que, por isso mesmo, é idêntico de uma ponta à outra (…) A ele, se deve o triste aspecto de monotonia asfixiante que a vida vai tomando(…) Este homem-massa é o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas(…)”

Nesse alerta, Ortega y Gasset demonstra que a sociedade ocidental vem premiando a mediocridade e reconhecendo nela o verdadeiro antro de formação da verdade. E mais do que isso: A vontade, o desejo, de se destacar por uma sólida base racional, lógica e/ou bibliográfica, são combatidos como conduta reprovável, sendo uma espécie de “nova classe burguesa” a ser enfrentada e rechaçada:
A classe dos que leem e estudam antes de abrir a boca.
Uma espécie de “nova oligarquia nefasta” que comete “o crime” de desqualificar alguém que não sabe sobre o que está falando, através de argumentação embasada…
(Preciso acrescentar algo que é óbvio pra mim, mas pode não ser para quem lê: EU NÃO FAÇO PARTE desse grupo atacado. Tenho total noção da minha mediocridade acadêmica e intelectual. Estou estudando para fazer mais que isso, um dia, mas não o faço, agora… O que estou tratando aqui é sobre o desrespeito à opinião de gente que dedicou a vida inteira ao estudo e que é ridicularizada pelo Zé da Esquina em um post ou thread).

Nem mesmo os espaços digitais destinados ao debate funcionam mais para isso. São, antes, lugares de pregação e massificação de ideologia. Qualquer tentativa de questionar com qualidade o que ali se advoga é repreendida com o bloqueio de quem discordou. “Você pode ter opinião, contanto que seja igual a nossa” deveria ser o slogan das páginas “pensadoras” do Facebook.

Aí vem outro problema do mundo contemporâneo: Opinião. Todo mundo tem uma opinião. TODO MUNDO TEM QUE TER. Não ter é outro “crime” dos nossos tempos. E disto, surgem opiniões quase sempre prontas, inquestionáveis e irrefutáveis (assim pensa seu dono). Formadas, muitas vezes, em cima de desinformação, fontes não verificadas, boatos, preconceitos, e nenhuma leitura de autores com alguma autoridade sobre o assunto (“autoridade” que não é mero título, mas, consequência de anos – em geral, décadas – de estudo de um único tema, senão de um sub-aspecto desse tema maior).

Exemplos parecem ensinar mais do que teorias, então… Aqui vai um:
Eu debatia com um amigo que dizia que movimentos sociais sempre lutam por progresso social. Eu discorri que os movimentos trabalhistas na França e o movimento estudantil de Mato Grosso, estão em uma luta CONSERVADORA, tentando manter um Status Quo que não necessariamente vai de encontro aos interesses das sociedades em questão, como um todo.
Logo, esses NÃO são movimentos progressistas por “osmose” (ou, o tempo todo)… Em resumo, esse foi um debate com alguém que tem opinião pronta. Até aí, tudo bem, já que eu também tinha uma: Mas quando expus novos fatos (ou pontos de vista), nada mudou para ele; e aí está o problema. Não houve evolução (não estou pedindo por conversão, esclareço) do tema e dos envolvidos, esperada em um debate. Ele entende que quando alguém grita “companheiro”, não pode ser outra coisa senão um progressista. Fim de papo.

Umberto Eco, filósofo italiano, criou polêmica em recente declaração em 2011 em que disse:

“Embora tenha trazido muitas vantagens, a Internet também democratizou a imbecilidade” e “promoveu o idiota da aldeia, a porta-voz da verdade”.
Ele disse, ainda: “Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas, agora, eles têm o mesmo direito à palavra que tem um Prêmio Nobel”.

Umberto gerou revolta; as pessoas o acusaram de retrógrado, antidemocrático, reacionário, arrogante…
Eu deveria ser um dos primeiros a ficar revoltado com Umberto, já que quem assina meus textos sou eu mesmo. Não há um curador/historiador, um editor; ninguém revendo minhas fontes e validando que não estou distorcendo a verdade. Eu tenho um compromisso de validar o que escrevo, mas, isso não anula o que Umberto enunciou. O idiota pode mesmo ser alçado ao grau de arauto da verdade.

Mas, eu não vi como um ataque. Para mim, ele não criticou o direito ao debate. Ele questionou o fato de que alguém que não leu um livro de história inteiro sinta-se pronto a dizer sobre “as benesses da ditadura” ou “Como o Socialismo/Comunismo é melhor que o Capitalismo” e por aí vai. Ele questiona, na verdade, essa capacidade triste que a Internet revela de potencializar gente pronta a questionar, formar juízo de valor e criar proposições sem nenhum estudo do que já foi proposto quanto ao tema – de preferência, a favor e contra, pois opinião não costuma ser legitima se nega a chance do contraditório.

Como Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, postulou sobre o “mundo líquido” em que vivemos:

“(…)os tempos são tais que o fim das utopias representa a perda do caráter reflexivo em relação a sociedade e, por consequência, a perda da noção de progresso como um bem que deve ser partilhado. (…) Uma corrente de incerteza e insegurança guia o sujeito pós-moderno, que não tem mais referencial nenhum para construir sua vida, a não ser ele mesmo.”.

Para quem não entendeu o cerne da teoria de Bauman, aí vai o exemplo:

Um garoto de 20 anos sente-se pronto para questionar todo um conceito e invalidar Immanuel Kant e sua filosofia moral do Imperativo Categórico após ler um resumo da Wikipédia; as décadas de Kant, dedicadas ao estudo das classificações aristotélicas e o fato de ele ser “pai” da linhagem moderna de pensadores alemães do quilate de Hegel e Schopenhauer (para citar os principais) são solenemente renegadas e desqualificadas por um garoto que só leu o resumo da obra e a tabela do Brasileirão 2016; os valores pessoais desse garoto, em plena formação, são muito mais válidos do que os valores construídos por centenas de anos (juntando Aristóteles e Kant) em iteração, revisão, contestação, conceito, prova e crítica.

Esse garoto pode vir a ser o próximo Kant? Pode. Sem estudar filosofia (e Kant) a fundo? Nunca.
Talvez, esse garoto, em específico, seja assustadoramente genial, construa conceitos muito mais profundos que Kant, sem jamais estudar, e faça eu me calar mais tarde; mas, as chances de todos nós sermos essa “peça rara” são as mesmas de eu ser um alienígena.
Não: Não me sinto fazendo “uma defesa da aristocracia intelectual” ao esperar que a opinião de alguém sobre algo que não se resume a gosto (exemplo de gosto: Odeio queijo, não importa o que os suíços mais importantes pensem disso), seja embasada no que já se estudou, contra e em favor do ponto defendido para que, depois, haja formulação de nova postulação (exemplo de teoria sobre um sistema de governo existente e já teorizado: Democracia não deve ser um sistema de governo que atende só à maioria; não importa sua opinião pessoal sobre isso).

Isso, na verdade, é pedir por honestidade intelectual. “Honestidade”, aliás, uma palavra que vem se tornando antiquada.


E eu entendo uma parte disso: O Facebook é feito de personagens. As pessoas aqui não são as pessoas do mundo real. Seus posts, suas falas, suas frases de efeito… Tudo aqui costuma ser encenado e – mesmo que elas não se deem conta – em certo grau, premeditado.

Somos todos personagens. Eu sou um personagem. O Rodrigo da rede social não é o Rodrigo do dia a dia; impossível ser.
Além disso, a rede tem baixa – ou nenhuma – aceitação por pessoas que expõem outra face de seus sentimentos além da positiva. Por este motivo, Karnal diz que “Shakespeare é anti-Facebook”: Seus personagens têm “profundidade demais” e riem e choram publicamente, o que os tornaria detestáveis nessa rede.

E aqui vem outra crítica: O Facebook não serve para discutir – já constatei e provei – mas, tampouco serve para eu conhecer as pessoas, fazer e manter amizades e conviver mais com os que eu quero bem.
Como todos estão ocupados encenando felicidade e ostentando suas conquistas, eu estou fazendo um trabalho porco como amigo ao dar likes e usar frases como “aí sim!” quando o cara tira uma foto na piscina com uma cerveja, sem que eu saiba que em seu dia a dia, ele está às vésperas de se divorciar e perder o emprego, ou atravessando uma grande depressão emocional sozinho.
Um amigo “à moda antiga” saberia, porque na confidencialidade de uma conversa particular que não será julgada por centenas, senão milhares, ele pode ser o ser humano que ele precisa ser, para desabafar, para dizer que “não, não está tudo bem” e daí por diante…

A vida que se compartilha no Facebook é a vida simulada e dissimulada. O Facebook, sem querer, ou querendo, traiu sua própria missão empresarial. E não é diferente nas outras redes. Na verdade, em redes como o Instagram, isso fica ainda pior.

As pessoas que são contra o abandono da rede dizem “você vai perder o contato com seus amigos!”.
A verdade é que eu já perdi. O Facebook não me fez ver mais as pessoas. Pelo contrário. Agora, vejo fotos delas; facetas delas; só parte delas. Uma espécie de “melhores momentos”, eternamente. Mas, essa não é a vida real.
Não vejo, nem convivo, com as pessoas “de verdade”. Ouso dizer que o falso sentimento de que elas estão ali todo o dia, “ao alcance do click”, me fez mais preguiçoso e descuidado no trato e no carinho com essas relações.
Substituímos o insubstituível contato humano e pessoal por um like virtual, aqui e ali.
Ok! O descuido pode ser só meu, admito essa hipótese. Mas, sinceramente, eu duvido que sou caso isolado.

Não é meu interesse encerrar a conta do Facebook. Isso poderia significar um pouco como “ei, olhem pra mim! estou indo embora!”.
Essa realmente não é a intenção disso tudo, como tentei demonstrar.
Só vou remover os aplicativos de acesso e “esquecer” a senha. O Messenger do FB – para quem precisar falar comigo – segue funcionando. 🙂

Outra pergunta que devem me fazer: Vou continuar escrevendo em outro lugar? Improvável. Mas, se eu mudar de ideia, farei com que saibam. 🙂
(PS: Agora, vocês já sabem que sim, pois, estão lendo isso no meu Blog.) 🙂


E, de onde tirei que o Facebook era relevante para a problemática que discorro? Para ter uma ideia do quão significante era meu investimento de tempo na rede, eu instalei um programa no meu celular (“QualityTime” para quem se interessar) para medir quanto tempo passo por aqui. Em geral, uso o Facebook para debater e escrever sobre o que me interessa. Nos últimos 3 meses, eu superei 60 horas de uso do Facebook, fora algum momento em que usei o PC como método de acesso. Então, coloquemos 80 horas (um terço a mais).

Bem, um aluno universitário mediano deveria ler, em média, 450 palavras por minuto (Do You Read Fast Enough To Be Successful?). Usando uma fonte Arial, 12, com espaço simples, isso dá (também, em média) uma página por minuto.

Isto me leva a concluir que eu poderia ter lido umas 4.800 páginas de teorias importantes, sobre os temas que mais gosto como Direito, Filosofia, Economia, Política, mas, fiquei aqui, debatendo com meia dúzia de bons argumentadores (obrigado a todos vocês, de verdade – são fundamentais na minha evolução e o motivo de eu continuar pesquisando, aprendendo e escrevendo) e um bocado de gente que já me acusou de pedante, de inventar textos para ser bajulado, de gente que escreve “não concordo” mas, não consegue ou não tem como defender o ponto que quer sustentar e de gente que não perde tempo “com textão”… Eu não conheço nenhum bom livro feito com “textinho”, repito. É arrogância minha comparar um “textão” meu, com um bom livro? Definitivamente. Nem queria significar isso.

De todo modo e como nenhum dos que reclamam jamais leu um dos meus textos por inteiro, eles não têm como denunciar as falhas que fazem dos meus grandes textos (no sentido literal) apenas textos grandes (também, literalmente) e sem qualidade. Em suma, você só saberá se um “textão” é apenas um texto grande, lendo. Depois, com o tempo, você já sabe o que esperar daquela fonte. Para o bem e para o mal.

Há quem diga “não concordo” só para marcar uma posição que, como um torcedor de clube de futebol, sente ser a coisa certa a fazer. Mesmo que, na lógica e na argumentação, não caiba a paixão como motor de uma discussão… Paixão leva a irracionalidade, e a irracionalidade leva a qualquer coisa menos ao bom argumento.

O outro lado dessa história também não é muito motivador.
Eu não escrevo o que escrevo para que batam no meu ombro e digam “pô cara, que legal”.
Óbvio que fico feliz quando meu texto atinge padrão de construção textual e lógica ao ponto de merecer a parabenização, mas, mais do que isso, fico muito emocionado que ele mereça o tempo (este que é sempre menos do que ontem) de tantas pessoas.

Isso tudo realmente me deixa orgulhoso e feliz, mas, não: esse não é objetivo central da escrita que faço.
Bem mais que o “parabéns”, quando sou confrontado com opinião contrária, o melhor possível ocorre: Sou obrigado a defender meus argumentos e melhorar a qualidade deles, com novos autores e novos fatos. Isso é o melhor dos mundos, para mim. E se não consigo melhorar meus argumentos, melhor ainda. Acabo descobrindo que minha visão de mundo não é perfeita e não resiste à toda a complexidade da realidade. E aí aprendo com quem está falando e me mostrando algo que não posso justificar com a visão atual.
Mas, isso já não acontece mais. As pessoas não querem debater. Querem vencer. E se não vislumbram como “ganhar”, não se envolvem.
“Aprendizado” não é tido como prêmio suficiente de um debate. Os novos advogados só aceitam causas ganhas…


Outro grande objetivo com o que escrevo e escrevi, até hoje, era (e é) ajudar quem não tem uma opinião formada a procurar os autores e os argumentos que possam ajudar a embasar uma opinião, seja a favor ou seja contra o que exponho; de repente, quando escrevo algo que incomoda, meu texto leva a pessoa do simples “não gostar” ao saber de fato, por ela ter que pesquisar para responder. Ela saiu com opinião contrária à minha, mas teve que aprender o porquê para poder se opor. E aí, sinto que fiz minha parte.

Mas, essa pessoa não existe (mais). Quem não tem opinião e segue “contrariando o Facebook” e a necessidade de ter uma opinião sempre (o que é péssimo), geralmente odeia os “textões”. Talvez – e aqui, sou um pouco desleal, pois, não tenho provas – essa pessoa esteja na estatística dos 71% que não gostam de ler.

Lamentavelmente, se o Facebook tem esse péssimo habito de criar “bolhas de felicidade” e ele não é nem representação da realidade, nem um espaço de convivência social, mas, um grande massageador de egos, ou um espaço para compartilhar fotos legais e vídeos engraçados, e se essas são as únicas atividades consideradas “corretas” para serem feitas no Facebook, eu prefiro não perder mais tempo com ele.

Melhor do que 80 horas com fotos (fofas, não estou negando) de gatinhos, e vídeo de acidentes engraçados (é preciso rir, claro que é), eu vou tentar combater o que o bobo da corte fica dizendo repetidas vezes na minha cabeça: De que estou ficando inevitavelmente velho sem me tornar sábio – o que poderia ser evitado.
Devo estudar mais, ler mais livros, e buscar conhecimento que autoridades (não por força de lei, mas por esmero e uma vida de dedicação) nos assuntos que me interesso, compartilharam com a raça humana.

Está tudo escrito, quando não está gravado em vídeo – meio que anda ficando mais comum para a divulgação de boas idéias. Como exemplo, os vídeos do TED.com, em grande parte já com legendas em português.

Agradeço, profundamente, a todos que sempre acompanharam, opinaram, e – segundo relatos dos mesmos 🙂 – esperaram pelo próximo texto.
É um grande orgulho que alguém sem a formação acadêmica em Jornalismo, História, Sociologia, Economia(…), como eu, faça textos que mereçam a atenção e o tempo de qualquer pessoa.

Sinto certo orgulho por ter trazido à atenção do cotidiano corrido de cada um, temas que vislumbro atuais e fundamentais para o futuro do lugar e sociedade em que convivemos. É um pouco arrogante supor isso, eu sei, mas gosto de pensar que são temas importantes, sim.

Nesse sentido, sou feliz pelo tempo dedicado a esta rede social.

No entanto, eu sigo ficando mais velho, sem ficar mais sábio. Tudo que posso fazer é tentar usar meu tempo da melhor forma possível para reverter essa tendência já que a idade é “inevitável”.

O Facebook (e outras redes sociais), com tudo que expus, não me parece mais uma boa forma de investir meu tempo.