
de·ca·dên·ci·a
sf
1 Estado daquele ou daquilo que decai, que se encaminha para a ruína; caimento, declínio.
2 Perda progressiva de poder, prosperidade ou valor; empobrecimento.
3 Época em que algo ou alguém passa pelo processo de degradação; degenerescência, ruína moral.
A nossa sociedade é decadente em vários aspectos.
Mas, talvez, você esteja pensando em uma sentido muito amplo e, quem sabe, até moralista dessa acepção; enquanto eu quero abordar um sentido estrito…
Uma das alegrias de conhecer gente verdadeiramente inteligente é ter a oportunidade de ter discussões fascinantes, receber o presente de ter os olhos abertos para um prisma novo; um angulo escondido… Algo que você demorou demais para notar.
Mas… Vez ou outra, a oportunidade acaba sendo um belo “presente de Grego” (a obra que retrata Roma… A menção ao Cavalo de Troia… Esse post será um clássico [Entendeu? Entendeu?] 🙂 )
Acontece que na última conversa minha com o Rafael, primo da Bruna, eu saí bem mais abatido e angustiado com a “dura circunstância da realidade que me cerca”, do que entrei.
A ideia de que na prévia ignorância eu era mais feliz não me deixou escapar, e aumentou em algum nível a minha tristeza com o que acabara de despertar sobre meu país.
Para aliviar minha insatisfação e desolamento, venho aqui compartilhar contigo o que descobri, ao melhor estilo “comigo não morreu”, e se você entender o problema, a angustia minha passa a ser sua também. Não precisa me agradecer…
Para entender o “Brasil Decadente”, vamos começar falando da metalurgia, na India.
“O que?”. É, isso mesmo: “India” e “Metalurgia”… Para entender o Brasil…
É difícil precisar, mas, a história da Metalurgia na Asia tem registros arqueológicos que vão além dos 3 mil anos antes de Cristo.
Registra-se, 1800 antes de Cristo (a.C.), a presença de ferro trabalhado em várias obras e monumentos indianos e estima-se que em 1300 a.C., o ferro de fundição era produzido em largas escalas naquele território. O domínio do processamento de metais é vital para classificar a evolução dos povos na História da humanidade.
Fato grátis: A diferença entre “metalurgia” e “siderurgia”, do ponto de vista acadêmico, jaz na especialização: Siderúrgicas são especialistas em fazer ferro refinado e vários tipos de aço, enquanto as Metalúrgicas trabalham em todos os tipos de metais (incluindo o ferro).
Conta a História, inclusive, que em 300 a.C., a India era a detentora de uma técnica suprema de produção de aço (A “Crucible technique”, ou “técnica do Cadinho” em bom português-metalúrgico) onde, por conhecimento químico apurado de seus ferreiros, era produzido um aço-carbono complexo, forjado em altas temperaturas com ferro de alta qualidade, carvão e vidro.
Nessa época, a India era, simplesmente, dona do monopólio do melhor aço que o mundo ocidental (e aqui, me refiro a Europa, na verdade) poderia desejar e comprar.
Não para por aqui, e se você quer saber mais, sugiro que procure pela História da Metalurgia na Asia, e a Metalurgia antiga da India e sua vasta gama de registros de ligas metálicas de altíssima qualidade (os registros dos feitos indianos nas primeiras ligas de Cobre e Latão são impressionantes, especialmente, considerando o grau de conhecimento que o resto do globo tinha sobre isso, tantos séculos antes de Cristo) e difícil obtenção, em períodos muito distantes da História humana, séculos antes das Expansão Européia por meio das Grandes Navegações chegar a estas bandas.
Sabe qual é a importância da India na Metalurgia global contemporânea? Nenhuma.
Não que a nação não produza ou processe metais para consumo próprio ou exportação mas, salvo algo bem específico, ela já não “dá as cartas” no jogo da transformação de “rocha” em produto-base (commodity) da indústria mundial. Limita-se a copiar o que os outros fazem, por vezes, com tecnologia patenteada além-pátria.
O que aconteceu com o conhecimento indiano sobre a metalurgia de ponta? Onde foram parar todos os seus ferreiros, especialistas, detentores de um conhecimento tão específico e tão vital para o trunfo de “dar as cartas” em um mundo que começava a se conectar (a famosa “rota para as Índias” era o centro econômico dessa Era, não porque os Europeus gostassem de Yoga ou do Hinduísmo) e um mundo que pagaria o quanto os indianos quisessem por metais processados de tanta qualidade (e raridade)?
Na opinião do Rafael, que também passou a ser a minha, ocorreu que a sociedade indiana tornou-se decadente…
A definição que ele deu foi muito precisa e suponho que, por não ter achado referências em nenhum lugar com acepção parecida, só possa ser de cunho dele mesmo; motivo pelo qual faço questão do crédito e do registro da terminologia, a ele:
“Sociedade Decadente (ou ‘em decadência’), é aquela que se torna, ao longo do tempo, incapaz de compreender e dominar os processos de transformação da Natureza que permitiram (e permitem) que ela ocupe o status que hoje detém.”.
Resumindo, via exemplo: Você vangloria-se (ou simplesmente se satisfaz) de viver em uma sociedade que cura, facilmente, grande parte das infecções bacterianas mas, essa mesma sociedade perde, cada vez mais, a compreensão e o domínio de como se produzem os antibióticos que te fazem prosperar onde seus antepassados pereceram.
É sobre esse stricto-sensu de “Decadência” que quero tratar. E que, no meu entender (e do Rafael, ao qual sou grato por me apresentar o conceito mas, fico na cisma pela depressão que incutiu), é a mais pura realidade da Sociedade Brasileira atual.
Ninguém decai do chão para a chão…
Para decair, contudo, é preciso, em algum momento, ter tido qualquer patamar (ou, ao menos, o vislumbre desse patamar) superior ao que se está rumando agora. Ninguém decai do chão para o chão, já que é o tipo de situação onde aplica-se o “pior do que está, não fica”…
O Brasil teve inúmeros momentos de progresso científico constatáveis e mesmo que seja totalmente reprovável como forma de governo, o fato é que especialmente a partir da Ditadura (a começar com o Golpe de 64), os brasileiros passaram a ter contato com o mundo exterior (e sua tecnologia) de forma mais acentuada e contínua.
Como exemplo, cito a ESG (Escola Superior de Guerra), assunto que já tratei em outro post, onde o intercâmbio de militares para os Estados Unidos da América (não sem a intenção deles de repelir a então União Soviética, vale dizer) fazia com que estes aprendessem muito da técnica militar com os estado-unidenses, e a trouxessem de volta para “a pátria amada, Brasil”…
Outro grande exemplo reside na fundação do então chamado “Complexo eletrônico brasileiro”, na década de 70, bancado pelo recém fundado (em 1952) BNDES, iniciativa que começou (novamente) com os militares da Marinha de Guerra Brasileira, bancando um projeto para construção de um computador 100% nacional.
A presença de Multinacionais já era grande, com menção honrosa à IBM que, em 60, tinha dois terços dos 90 sistemas computacionais instalados país à fora; e à Burroughs que instalou seu B-205 na PUC do Rio de Janeiro.
Diante disso tudo, é preciso ponderar que entre a Ditadura militar (que perdurou entre 1964 e 1985 – e, para me gabar, sem qualquer adição de conteúdo ou propósito, sou filho da Democracia, em 1986) e o fim da década de 80, os Brasileiros saíram de meros consumidores de “caixas-pretas” para um padrão de sociedade científica um pouco mais interessada em dominar os meios de produção que ditavam o progresso tecnológico do “primeiro mundo”.
Mas, algo deu errado: Talvez tenha sido a hiper-inflação (com seu pior momento entre Sarney e seu sucessor)… Talvez tenha sido a abertura da economia brasileira (por Collor, sucessor do já citado, e que não cito mais de uma vez, para não invocar maus espíritos) à importação de produtos em massa… De uma hora para outra e sem muita clareza do que sucedeu-se primeiro, nossa nação foi abandonando a vontade de dominar essas tecnologias.
Para saber mais: O Complexo Eletrônico Brasileiro
Nota: Cuidado com o excesso de ufanismo. É um texto de um órgão público engajado na propaganda…
Vontade não é tudo…
Quando penso na obstinação do povo dos EUA, especialmente estilizada e retratada no episódio de John F. Kennedy conclamando, em 1961, e com força de ordem executiva, a “América” a colocar o homem na Lua em menos de 10 anos, percebo a importância da vontade como motor de uma perseverança que não se abate diante das dificuldades.
Quem tem o mínimo de curiosidade sobre o tema, sabe muito bem que o programa espacial norte-americano não foi, nem de longe, uma “linha reta”: Revés, atrasos, acidentes, mortes, pesquisas infrutíferas, descobertas de conceitos equivocados (e, até aquele momento, alicerces do programa)… Teve de tudo.
Ainda assim, em Julho de 1969, Neil Armstrong plantou o primeiro pé humano por lá.
Eu NEM QUERO começar uma discussão sobre “se o homem foi mesmo lá”… Não tem nenhuma adição a este assunto… (Mas, eu penso que foi, sim, se você está curioso[a]).
Isto posto, quem conta que a corrida para pôr o primeiro homem na Lua foi uma história de “Vontade e Esforço”, está vendo novela da Globo por demais.
Vontade e Esforço são ótimos, claro… Mas, nas mãos de um imbecil, significam muito sacrífico, muito suor e lagrimas, e pouco resultado.
A parte, verdadeiramente bonita da corrida espacial, especialmente do lado “Yankee“, está no que significou aquela década para a educação americana, dos níveis fundamentais de ensino às universidades do país.
Nunca se importaram tantos doutores e mestres (a lista conta com gente de baixa relevância, como Einstein ou Von Braun [pai do sistema alemão de foguetes “V2”], e vou parar por aqui).
Nunca deu-se tanto valor ao domínio da Matemática aplicada, da Física e Astronomia de ponta. E nenhuma dessas ciências prospera se você não entende a língua na qual elas lhe são apresentadas (no caso deles, o Inglês)…
Sugiro, como complemento, o artigo da Harvard School: How Sputnik changed U.S. education
Quando eu crescer, quero ser cientista…
E talvez, nunca, na História da humanidade, tenha havido uma geração com tantos jovens que tinham ídolos que não eram de uma Boy-Band, ou de um Reality Show (até porque isso não existia), mas sim, astronautas, físicos e matemáticos.
Não é piada: Uma boa parte de crianças daquela geração cresceram tentando ser os próximos da lista de revoluções científicas do país, e alguns até tinham posteres desse estranho tipo de ídolo juvenil, nos seus quartos.
Não dá para não imaginar um poster de Stephen Hawking fazendo pose de mister-universo no quarto da menina de 15 anos em 1970 (não, não sei de tal poster… Só imaginei)…
Talvez, o filme “os Eleitos” (1983) faça um dos melhores trabalhos em dar um vislumbre do clima no sistema educacional estado-unidense com a Corrida Espacial à todo vapor (ok, cabe dizer: À todo vapor para não perder, de modo algum, para a URSS que já tinha posto o primeiro homem em órbita e lançado o satélite Sputnik).
O ponto central é: Vontade e determinação são muito importantes para levar uma sociedade de um ponto A até o ponto B. Mas, sem domínio cultural e científico, ela é tão útil quanto um fósforo comum no fundo da piscina. Não há ignição…
E o Brasil?
Bem, o Brasil nunca quis ganhar de ninguém. Nunca correu corrida alguma. Alguns setores e personalidades (tudo muito específico) podem até esbravejar comigo e dizer que estou muito enganado.
Mas, data maxima vênia, caros colegas, a única corrida da qual todo brasileiro entende é a corrida para pegar o ônibus lotado que já vai passando ali no ponto.
Nunca houve projeto nacional algum, de ser o melhor em um assunto tecnológico do que todo o resto do mundo.
Não me engano: Ninguém sabe fazer tudo sozinho. O país que domina a eletrônica não necessariamente é referência no processamento de petróleo ou minérios, e assim por diante. Então, não acho que precisamos dominar a técnica de todas as cadeias produtivas para sermos respeitáveis.
Mas, quando tudo que seu país sabe exportar é:
- Commodity (ou seja, produtos de baixo valor agregado e que, mais tarde, compramos de volta, muito mais caro, por terem sido transformados em algo realmente útil) – Foi, inclusive, a desgraça que nos fez cair na armadilha de que o país estava em rota de um futuro econômico brilhante na Era Lula e no primeiro mandato de Dilma;
- Drogas (O Brasil é: 1. O país que mais exporta produtos químicos para o refino de drogas na Colômbia; 2. A base de operação de quadrilhas africanas que enviam para Espanha, China e Reino Unido, via Correios [a nossa ECT]; 3. O maior exportador de drogas para os Estados Unidos [que, vale dizer, é o maior mercado consumidor de drogas do mundo]) – Dados de 2012;
- Jogador de futebol (O Brasil é o primeiro do mundo em “exportação”[469 atletas], bem longe da França, no segundo lugar [com 312] – Dados de 2016);
- E mulheres (não estou brincando: O tráfico de pessoas, no Brasil, é responsável por cerca de 65 mil brasileiras raptadas e escravizadas para fins, quase sempre, sexuais, em um “mercado” de 1.3 bilhão de dólares, só na América Latina – Dados de 2014);
… Fica difícil notar qualquer avanço que possa evitar a Decadência da Sociedade Brasileira contemporânea, sempre muito dependente da ajuda externa, e escrava do consumo de tecnologia internacional, por ser incapaz de dominar os meios produtivos que transformam o que ela tem (minérios em abundância, solo fértil, biodiversidade, quase todo o tipo de matéria-prima), no que ela quer ou precisa consumir (alimentos processados, remédios de ponta, tecnologia de telecomunicações, tecnologia aeroespacial, Inteligência artificial[…]). E tudo o que o noticiário local nos mostra durante o quadro “Internacional” no qual aparecemos há cada 10 anos, ocorre graças a um solitário cientista conterrâneo, em algum galpão sem estrutura, Brasil à fora, travando uma batalha particular, inglória e ingrata, por vezes em nome de valores que o resto de sua pátria sequer tem noção de como soletrar.
Quem mandou querer ser cientista?
Ele (e quase nunca “ela” – outro problema…) escolheu essa carreira, é verdade. Poderia ser servidor público, advogado, político. Poderia ser um Big Brother, ou um Youtuber… Um meio-campista ou um funkeiro…
Escolheu entender a função da apoptose (ou “suicídio celular”) na citologia do mamíferos primatas superiores…
Ou, escolheu entender porquê partículas subatômicas deixam de ser uma função de onda quando tenta-se medi-las com instrumentação, obtendo ou uma localização, ou velocidade, por exemplo (alias, se esse conceito lhe parece muito “frufru”, saiba que é uma das bases do próximo salto da computação, quando ela se tornar quântica).
A maioria dessas pessoas não viverá para ver respondida as questões que abordou.
Essa é a beleza “poética” da Ciência: Seu trabalho não é pra você, mas, para a humanidade… Se você tem qualquer crise em não ver seu trabalho iniciado, desenvolvido e finalizado, é melhor largar a Ciência e ficar na Construção Civil. Por lá, as obras costumam ter início, meio e fim. Na Ciência, isso é quase impossível.
Como menção honrosa para uma das poucas exceções à essa regra, vale citar um cientista, brasileiro (acredite se quiser): Carlos Chagas, o descobridor da doença de Chagas, que pôde estudá-la de “cabo a rabo”. Feito raro, é bom dizer.
Mas, não é – nem de longe – a norma na Ciência… Teorias postuladas no século 19 continuam sendo testadas e expandidas (ou refutadas) nos dias de hoje.
A Ciência é assim mesmo… Você constrói o seu bloco por cima dos blocos que seus colegas antepassados deixaram pra você. A obra só pode ser contemplada de longe, olhando a contribuição de cada um que, um dia, pode (e pode não) ser completada e transformada em algo prático, como, por exemplo, a imensa cadeia de conceitos, tecnologias e conhecimentos em interação que, finalmente, interligam o teclado em que digito esse texto, e a tela do seu computador ou celular, em qualquer lugar do mundo…
Esse brasileiro (e quase nunca, “brasileira”, repito com pesar) escolheu essa carreira. Verdade…
Mas, eu tenho que ser grato por tantos que tiveram a mesma escolha dele(a), décadas e, às vezes, séculos, antes de mim. Não pelo que ganho de imediato com isso. Mas por tudo o que já ganhei até aqui.
A Ciência não funciona para os egoístas.
Não funciona… Mas, sou sempre grato, sim, pelo que se descobre (e descobriu), até mesmo quando tudo sai errado e pelo que se edifica para as gerações que virão depois de mim, como os antepassados da Ciência fizeram pela geração atual, sem poder se beneficiar do que construíram, mas, em nome do ideal científico de ir além, de descobrir e entender como o Universo funciona, e como podemos moldá-lo em nosso favor.
Mas, não no Brasil…
Eu sei, de verdade, que antes fosse essa constatação exclusiva do lugar em que vivo. Como eu sempre digo, porém, é aqui no Brasil que eu vivo e aqui foi onde eu cresci. Esse é o lugar que mais me importa, no mundo, e é por isso que toda minha atenção e crítica são miradas para cá.
Honesta e deselegantemente, pouco me importa se 90% dos países do mundo estão se lixando para a Ciência, mais ou menos do que aqui. Quero saber o porquê do meu país ser idiota e estúpido de tomar essa decisão.
Meu país é feito de uma população extremamente deficitária no básico, em todos os sentidos. Ainda temos 27% dos pouco mais de 206 milhões de brasileiros, incapazes de ler uma manchete em um jornal (Dados de 2016).
Mesmo entre os que sabem ler os léxicos e transformar os “estranhos risquinhos” em letras e sílabas, a esmagadora maioria é incapaz de ler um texto como este que redijo. E nem estou levando em conta os que têm preguiça (porque escrevo muito, eu sei). Apenas os que não conseguiriam, mesmo se quisessem…
Uma rápida demonstração da nossa falência:
No começo de 2016, um estudo foi conduzido para avaliar a compreensão das ciências básicas do nosso povo. Considerou-se somente a população em idade produtiva, o que podemos dizer que equivale a 45 a 48% da nossa população total (outro dado preocupante). Só pela facilidade, vamos aceitar que dos 206 milhões de brasileiros, 100 milhões estão em idade produtiva (na verdade, esse número orbita na casa dos 80 mi).
O que o estudo feito pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa revelou é que desse universo de ~100 milhões de brasileiros, e respeitando a metodologia do INAF (Indicador de Alfabetismo Funcional), temos:
- 4% de analfabetos;
- 23% de rudimentares;
- 42% de elementares;
- 23% de intermediários;
- e (só) 8% de proficientes;
- E, a vantagem de usar 100 milhões como universo é que basta arrancar o simbolo de porcentagem para saber quantos milhões de brasileiros estão em cada categoria… Fácil! Se você não for analfabeto funcional…
Ainda, para os fins dessa pesquisa, Analfabetos e Rudimentares, somados, são o que compõe o universo de analfabetos funcionais brasileiros; pessoas que não conseguem (mesmo que capacitadas a decodificar minimamente as letras (léxicos), frases, sentenças, textos curtos e os números), desenvolver a habilidade de interpretação de textos simples e resolução de operações matemáticas elementares.
Já, na outra (pequena) ponta de 8% (ou 8 milhões de brasileiros), espera-se que o indivíduo consiga compreender e elaborar textos de diferentes tipos, como um e-mail, um verbete da Wikipedia, ou um editorial de jornal ou artigos de opinião (como este), além de conseguir opinar sobre o posicionamento ou estilo do autor de um dado texto.
Essa pessoa também deve interpretar tabelas e gráficos e compreender, por exemplo, que tendências se aponta ou que projeções podem ser feitas a partir destes.
Outra competência é a de resolução de situações (de diferentes tipos) sendo capaz de planejar, controlar e elaborar.
Para saber mais: No Brasil, apenas 8% têm plenas condições de compreender e se expressar
Para encerrar (este artigo)…
Vamos supor um cenário apocalíptico, mas sem zumbis (aaaahhhhhh…. ), onde o mundo decida “fechar as portas” para o Brasil de vez (e não é 100% ridículo de se pensar nisso com Trump nos EUA, Putin na Rússia, o BrExit inglês e, quem sabe, logo-logo, Le Pen na França)…
Quanto tempo até os Smartphones que nós TANTO amamos no Brasil, pararem de estar na prateleira?
Bem antes disso ocorrer, e supondo um fechamento total e em larga escala, o que acontece com todos seus aplicativos (WhatsApp, Instagram, Facebook), “rodando” fora da sua terra natal, quando seu atual aparelho não conseguir mais trafegar livremente pela rede, e usar o servidor de dados que fica em outro local?
Os satélites de comunicação que permitem celulares e TV’s em regiões distantes do nosso próprio território, ou ajudam a vigiar o espaço aéreo… Sabe quantos são nossos? E quantos têm alguma tecnologia nossa em sua fabricação???
E remédios? Quantos remédios avançados para combate ao Câncer, coquetéis contra AIDS, vacinação de recém-nascidos, antibióticos de quinta geração (a mais recente)… De tudo isso que mantém seu povo vivo e bem, quanto você acha que nós dominamos de seus meios de produção, e capacidade de produção em escala (produzir um frasco é uma coisa. Produzir mil não tem nada a ver com produzir um…)?
Você NÃO pode contar com as máquinas e fábricas das empresas que estão aqui… Nesse cenário, a Toyota leva embora seus braços robóticos e plantas do seu amado Corolla, a Bayer leva embora seus equipamentos de produção farmacêutica, e você precisa torcer para que alguém do seu país saiba como o ácido acetil-salicílico (a tosca Aspirina) é condensado em um comprimido.
O mesmo para a Prednisona, a Epinefrina, e todos os compostos que controlam diabetes, pressão alta, quadros de miopatias agudas ou crônicas…
Todas as outras multinacionais seguem o mesmo exemplo…
Enfim, em um mundo em que você (e seu povo) é altamente dependente, cada vez mais e mais de tecnologia de ponta; e seu povo e país não poderiam se importar menos com o como ela é adquirida, desenvolvida, e feita (em pequena e larga escala, volto a dizer – já que mesmo que alguém entenda o processo, nem sempre é fácil pegar o conhecimento de um livro na biblioteca ou de um cientista de laboratório, e produzir milhares e milhões daquilo que eles sabem, em um curto espaço de tempo); você está em uma Sociedade Decadente… Incapaz de produzir o que ela se gaba de ter…
Em resumo, o Brasil vem “dando certo” (expectativa de vida aumentando, produtos de ponta [embora custem uma fortuna]), simplesmente porque aceitamos pagar o preço que os “novos Indianos” impõem, sem maiores objeções.
Eles vêm aqui e vendem os “Aços-carbono” do século 21 pelo preço que quiserem, e nós pagamos.
Porque, se não pagarmos, vamos voltar a precisar de telefonistas trocando cabos, e um texto desse não vai ser possível, a não ser que uma rádio (essa tecnologia [eletrônica analógica da primeira guerra], acho que a gente domina suficientemente bem) decida narrá-lo, por 8 minutos.
E… Se algum dia, por qualquer motivo, esse pessoal decidir fechar as portas, não importa o quanto queiramos pagar… Ai de nós…
Há solução para a nossa decadência?
Trato disso em um próximo texto.
Vou falar da farsa de nosso orgulho com Embraer e Petrobras, como símbolos de exceção dessa decadência, e de que para a educação nacional dar tão errado, isso não pode ser mero acaso. Há um plano, e todos (eles e nós) estão jogando perfeitamente para que tudo continue igual ou pior.
Até o próximo post.
Nobre Rodrigo! Bom dia! Você nos mostrou aqui uma visão mais clara e assertiva acerca da decadência da sociedade brasileira. Parabéns! Obrigado por compartilhar esse conhecimento conosco. 🙏🏼
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Poxa Allan, é uma honra pra mim que você tenha “perdido” tempo lendo o que escrevi. 🙂
A ideia realmente é falar de coisas comuns, sob ângulos diferentes, embora, nem sempre eu alcance isso (risos).
Ah, e nem precisa do “nobre” viu? Aqui é zona leste total, vira-lata sangue-puro. 😀
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Pátria amarga Brasil!!!!!!
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